Dona de grupo: alguns amam, outros não, poucos conhecem...

Foi muito difícil chegar aqui... Foi difícil tomar a decisão que publiquei no grupo esta semana. Acabou!

E tenho recebido muitos recados, uns de incentivo, outros de reprovação, pedidos de repensar a decisão, de passar a administração para outra pessoa. Vou dizer: não é tão simples!

O Papel nasceu da minha vontade de fazer alguma coisa diferente no mundo da Silhouette. Na época da sua criação, eu não trabalhava fora, ocupava meu tempo com a faculdade, família e a casa. Surgiu em um momento em que repudiei o comportamento de muitos moderadores, aliados de alguns seres que se aclamavam como sabedores das técnicas e senhores absolutos dos conhecimentos da máquina da perfeição. O que me incomodava era esse conhecimento ser passado de forma prepotente, mesmo por pessoas que eram consideradas referência no vasto mundo de cortar papel. A arrogância, a não humildade, muitas vezes beirando à falta de educação de algumas pessoas no trato com quem acabara de iniciar neste mundo me repudiava de tal forma que decidi criar o Papel.
Não, eu nunca me achei a soberana desse conhecimento. Ao contrário, aprendi muito depois da criação dele.
Passei dois dias pensando em um nome. Comecei chamando as amigas. Eu fiz a primeira postagem, desenhava moldes. Via as dúvidas e as respondia em outros grupos. Chamei muita gente para participar do grupo, porque eu queria apresentar uma proposta diferente. Carreguei o grupo por meses. Respondia a uma dúvida, corria fazer almoço, respondia outra, ia tomar banho... Meus amigos foram de 200 para mais de 600. O grupo crescia. E a minha inbox surtava todo dia...
Quando eu parava meu carro na garagem, o celular apitava desesperado por conta das mensagens recebidas. Ficava até tarde acordada respondendo e ajudando quem madrugava pra entregar encomenda. Estudava na frente do computador para poder ajudar.
E ai veio a parte gratificante: fiz amigas incríveis! Tantas que me fizeram ir atrás de respostas, buscar aprender para poder ensinar. Eu sou grata a cada uma de vcs pela caminhada.
O grupo cresceu, minha vida mudou e eu precisei de amigas para levá-lo comigo. Patty assumiu o cargo com tamanha competência que me surpreendeu.
A amizade cresceu, o Papel ia de vento em popa... Veio a parceria com a Serilon, mais um sonho vindo graças ao Papel.
O tempo foi passando e eu vendo o que acontecia ali, pessoas que nos diziam 'nossa, este é o melhor grupo!' e em seguida vinham descumprir as regras que o faziam ser o melhor. Fui desanimando, ficando chateada, triste, magoada.
Nada doeu mais do que ver o grupo que eu criei para ser diferente dos outros se transformando em um amontoado de gente que mal lia as regras!!! Que só pedia, pedia, pedia.
Nem quando fui ofendida (porque eu não sabia desenhar e permitia os moldes no grupo pq os que queria, porque era ditadora, porque eu era injusta e mimimimimimi) me fazia ficar tão descontente quanto quando eu lia os pedidos de arquivos pagos, as imagens que todo mundo encontra na internet. A preguiça explícita de quem não quer ter trabalho. Isso foi matando o encanto pelo mundo da Silhouette.
Já não fazíamos posts ou íamos atrás de informações para ensinar, mas tão somente para responder à alguém que estava com preguiça de procurar. Patty virou procuradora de arquivos. Passava o dia tentando ajudar quem precisava. E os agradecimentos vinham, muitas vezes, em forma de mais pedidos.
Na minha correria fora de casa, quase não dava mais atenção ao grupo. E quando chegava em casa, não queria ver o grupo. Não queria ter que responder pela milésima vez a mesma pergunta nem procurar arquivo para quem passou horas sentada na frente do computador, no conforto de casa, enquanto eu estive fora por 16 horas, dirigi pela cidade, trabalhei, busquei filho no colégio, levei na casa da sogra, fui pra faculdade, voltei para buscar os filhos, atravessei metade da cidade até chegar em casa e os coloquei para dormir, dei oi pro marido, tomei banho e deitei na minha cama, exausta, com o celular na mão, cansada demais para ligar o notebook...
Fui, aos poucos, perdendo a vontade de tudo. Brigas, intrigas, desaforos, preguiça... Olha, só sendo psicóloga pra suportar tudo o que andou acontecendo no grupo. O mundo do papel, em todas as vertentes, se tornou sujo... se tornou feio. Ainda que vejamos lindos projetos, tem outros tantos causando briga, inveja, fofoca... Pra que?
Tudo vai para o lixo no final.
Portanto, demorou e foi uma decisão muito difícil. Cheguei, por várias vezes, cogitar a hipótese de recriar o grupo. Mas nunca foi uma ideia que levei a sério, que me empenhei para isso.
Embora muitas já venham com mimimi de falta de respeito com quem curtiu as regras (sim, eu li cada comentário), queria só dizer uma coisa: não to de frescura. Pode vir fazer o trabalho de motorista e faxineira, estudar meus textos da faculdade (Psicologia tá... ), gerenciar uma equipe de 5 mulheres que precisam bater suas metas, fazer processo seletivo e entrevistas de emprego quase o dia todo pra montar uma nova equipe, treiná-las e ainda dar conta do teu setor, cuidar de dois filhos e um marido que precisam de atenção. Daí eu te falo sobre respeito com as pessoas e suas situações.
Por enquanto, o grupo será fechado sim. Passar a moderação para outra pessoa é a coisa mais fácil do mundo, 2 cliques e pronto. Mas a minha filosofia, onde fica? Não poderei estar aqui, da mesma forma como não posso estar hoje. Seria o mesmo que pegar minha família ou o meu trabalho e delegá-lo a outra pessoa. Não dá!
Porque que o fizer poderá até fazê-lo bem, mas não o fará como eu. Não estou sendo arrogante, porém, a pessoa continuará o que eu comecei e assim não entenderá de fato todas as ideologias por trás do grupo.
Estou triste também, porém, quero olhar pelo lado bom de ter criado o grupo. Continuarei no mundo do papel, ainda é minha terapia. Sim, para surpresa de muitas eu não sou artesã. Não vivo de cortar papel. Não pretendo viver.
Agradeço e desejo em dobro tudo o que vcs tem me desejado. De coração mesmo. Obrigada pelas parcerias, pela amizade, pelo aprendizado, pelas risadas, pela emoção, pelas conquistas, pelas palavras de incentivo. Vou levar cada recadinho guardado no coração.
Vou estar sempre por aqui, tentando ajudar quem me procura. Faz parte da minha formação acadêmica e do meu hobby.
Espero que continuemos amigas para além do papel.